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Clésio Andrade

As empresas e o novo normal

A revolução que as novas tecnologias vem provocando no setor produtivo ganhou ritmo ainda mais acelerado com a chegada da Covid 19 na vida das pessoas e das empresas.


Muitos acreditam que 2020 será o ano que não existiu. A causa é o lapso produtivo decorrente da paralisação das atividades e da crise econômica sem precedentes resultante de decisões equivocadas tomadas por dirigentes políticos em quase todo o mundo. No caso do Brasil, por alguns governadores e prefeitos oportunistas.


Embora 2020 venha a ser irremediavelmente um ano improdutivo, de depressão, a desastrosa experiência do isolamento social pode ser encarada como um laboratório para as empresas se reinventarem e se adaptarem ao se convencionou chamar de novo normal.


Os gestores e dirigentes empresariais devem aproveitar as mudanças forçadas, tanto na organização do trabalho, como nos hábitos de comportamento e de consumo da sociedade, para romper velhos paradigmas e encontrar soluções de longo prazo para seus negócios.


Por exemplo, em que medida o trabalho remoto, ou home office, pode contribuir para reduzir custos das empresas e melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores sem perda de produtividade e da qualidade dos produtos e serviços? Certamente, cada organização tem suas peculiaridades, mas todas devem avaliar esta experiência como uma antecipação do que as tecnologias digitais vinham prenunciando.


Escritórios menores e mais enxutos, substituição de reuniões presenciais por encontros virtuais, redução das viagens, menos demanda de investimentos em equipamentos de escritório, economia no consumo de energia elétrica, água, materiais, serviços de limpeza, zeladoria e conservação predial são algumas das despesas que podem ter redução significativa com a adoção do trabalho remoto em parte das equipes.


As empresas de transporte podem estudar a viabilidade de adotar o serviço remoto em muitas de suas atividades meio como contabilidade, recursos humanos, compras e demais serviços que não exigem trabalho presencial e equipes reunidas em tempo integral.

Os programas de treinamento e de capacitação de pessoal podem e devem ser realizados em salas virtuais. Os processos, que já deveriam estar digitalizados, não podem mais ser adiados, assim como as normas e procedimentos de gestão e administração devem ser simplificadas e desburocratizadas. As empresas tendem a ficar mais ágeis, transparentes e produtivas.


Uma tendência que já vinha sendo observada, o crescimento das compras online, ganhou novo impulso e deve se consolidar como forma de consumo cada vez mais corriqueira. Aí está um desafio e uma oportunidade que se antecipou para os transportadores de cargas. Projetos de utilização de drones, veículos autônomos e outras inovações que vinham sendo vislumbradas para o futuro próximo, ganharam nova urgência e devem ser imediatamente trazidos à realidade.


No transporte coletivo de passageiros, demandas provocadas pela necessidade permanente de distanciamento social também exigirão mudanças imediatas. Algumas delas, já em andamento, como a adoção de bilhetes e catracas eletrônicos devem ser aceleradas para reduzir o contato pessoal e a utilização de dinheiro, vales e outros meios de contaminação. Também devem ser adotados novos procedimentos de higienização e limpeza dos veículos, além do uso obrigatório de máscaras dentro dos coletivos.


Outra novidade que deve surgir em breve é o transporte seletivo encomendado nos coletivos urbano, metropolitano e intermunicipal. Neste caso, as viagens, com base em pesquisas, serão realizadas em horário, local de origem e de destino conforme a demanda. Isso dará maior racionalidade ao serviço, segurança e qualidade aos passageiros e ainda contribuirá para combater o transporte irregular.


Esses são apenas alguns exemplos de como a pandemia de Covid 19 vem se configurando como um marco da crise que afeta as empresas, a economia mundial e a organização da sociedade. Também é, sem dúvida, um momento de inovação, de reinvenção e de adaptação ao novo mundo que está surgindo.

Bem-vindos ao Século 21!



Clésio Andrade, empresário, empreendedor social, foi vice-governador de Minas Gerais, ex-senador, ex-presidente da CNT - Confederação Nacional do Transporte e fundador do SEST SENAT

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