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Clésio Andrade

Cemig, o caos

O tratamento dado pela Cemig aos consumidores de energia elétrica em Minas Gerais ultrapassa todos os limites do bom-senso. A má qualidade do serviço é um atentado à segurança da população, à produtividade e ao desenvolvimento do estado.


Tamanho descaso ganha proporção de escândalo quando tomamos conhecimento de que a Cemig teve lucro lucro líquido de R$ 3,28 bilhões no terceiro trimestre deste ano, alta de 165,11% ante o reportado ano passado.

A previsão é de que em 2024 a empresa distribua dividendos extraordinários para seus acionistas, sendo 40% deles sócios privados e o próprio governo de Minas.


A Cemig está nadando em dinheiro e seus acionistas estão cada vez mais ricos. Enquanto isso, a estrutura da empresa segue obsoleta, a mesma das décadas de 1970 e 1980, sem manutenção adequada, sem modernização ou ampliação. O Brasil mudou, Minas cresceu, a tecnologia evoluiu, e a Cemig continua no século passado. Tudo em nome do lucro e do enriquecimento de poucos.


O setor mais prejudicado é o agronegócio, justamente aquele que responde por 22% do PIB (Produto Interno Bruto) de Minas Gerais. Na zona rural, a falta de energia elétrica é constante e chega a durar horas, dias. Às vezes, até uma semana. Os prejuízos são incalculáveis, pois vão desde perda de maquinário, de produção e de mercadoria, até a falta de comunicação e atraso no desenvolvimento tecnológico das fazendas.


Os recorrentes episódios de falta de energia elétrica estão amplamente documentados, já foram alvo de reuniões na Cemig e de manifestação junto ao governo do estado e à Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). No entanto, o problema persiste e atinge cerca de 770 municípios, ou seja, praticamente todo o estado de Minas Gerais. O caos e a instabilidade estão instalados nas fazendas, nos hospitais, nas escolas, nas comunicações, no abastecimento e em todas as dimensões da vida de milhões de mineiros que acumulam perdas até de vidas.


Como se não bastassem tantas perdas, a Cemig ainda usurpa os poucos recursos da população e das empresas por meio de suas tarifas exorbitantes. No mês de junho, a empresa realizou um reajuste de 27% na conta de energia elétrica. Pasmem!


Nessa toada, não é guerra, nem mudança climática, nem crise econômica global. O que vai acabar com a economia e matar os mineiros de fome, é a Cemig.



Clésio Andrade, empresário, empreendedor social, foi vice-governador de Minas Gerais, ex-senador, ex-presidente da CNT - Confederação Nacional do Transporte e fundador do SEST SENAT.


(Artigo atualizado em 17/11/24)


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