A situação calamitosa dos Correios é uma agressão aos cidadãos e ao País.
A empresa dá grandes prejuízos, é ineficiente e está maculada pela corrupção e pela ingerência política. Não tem mais jeito. Deve ser privatizada ou fechada a bem do povo brasileiro, que não merece continuar bancando a farra sem compromisso.
De 2000 a 2016, os Correios fecharam as contas anuais no azul somente em cinco oportunidades. Apenas nos quatro anos entre 2012 e 2016, foram registrados R$ 4,4 bilhões em prejuízos na estatal.
Na última década, os empregados fizeram 17 greves, causando constrangimentos e mais prejuízos à população. Eles fizeram uma paralisação de 36 dias em plena Pandemia de Covid 19, justamente quando o e-commerce teve grande aumento de demanda.
Nos últimos 15 anos, foram inúmeros os escândalos de corrupção. O Mensalão começou nos Correios. Em 2014, a empresa distribuiu material da campanha de Dilma Rousseff sem registro de cobrança. Houve, ainda, a Operação Mala Direta, que desbaratou um esquema de envio clandestino de mercadorias e, mais recentemente, foi descoberta fraude de, pelo menos, R$ 7 bilhões no Postalis - Fundo de Pensão dos Correios.
O domínio político da estatal e a visão distorcida dos funcionários, que abusam do serviço público, impedem uma gestão eficiente da empresa. Um levantamento da revista Exame, em 2016, demonstrou que os 25 cargos de direção eram ocupadas por indicados políticos. As oito vice-presidências estavam nas mãos de partidos e outros 700 cargos estavam reservados a sindicalistas.
Os Correios têm mais de 100 mil servidores e, mesmo assim, em apenas seis anos, houve um aumento de 1.054% no volume de indenizações pagas por atrasos, extravios e roubos de encomendas. Essas irregularidades causaram um prejuízo anual superior a R$ 200 milhões.
Os Correios têm imunidade tributária total. Um absurdo!
A empresa está isenta de pagar impostos por deter o monopólio dos serviços postais em todo o Brasil, função que já se tornou obsoleta. Hoje, as cartas, cobranças, avisos e praticamente toda a correspondência antes feita em papel já transita na internet. Nada justifica a manutenção deste monopólio e da imunidade tributária. Fazem concorrência desleal com empresas transportadoras sobre as quais pesa uma carga de 34% em impostos no transporte de encomendas e cargas.
Além de desequilibrar o mercado, a imunidade causa grandes prejuízos ao Estado. Estima-se que cerca R$ 6 bilhões por ano em impostos não recolhidos. Esse cálculo tem como base o faturamento de R$ 19,1 bilhões apresentado em 2019. Se projetarmos para 20 anos, o Brasil deixou de arrecadar algo em torno de R$ 120 bilhões, em valores de hoje, por conta da imunidade tributária que beneficia os Correios.
Não será fácil privatizar uma empresa que “deu PT”, como se diz no jargão de uma juventude que nunca enviou carta de papel.
Quem vai investir numa estatal com tantos riscos e sem um sistema mínimo de compliance?
É hora de deixar a empresa sentir o peso dos erros, das omissões e do corporativismo. Se der prejuízo, que resolvam o problema sem sacrificar o contribuinte. Se os empregados querem fazer greve, que façam, mas sem receber aumento de salários e dias parados. Que a empresa perca o monopólio e enfrente a concorrência do mercado em condição de igualdade e recolhendo todos os impostos.
O Brasil precisa despachar os Correios para a vida real onde quem não tem competência, não se estabelece.
Clésio Andrade, empresário, empreendedor social, foi vice-governador de Minas Gerais, ex-senador, ex-presidente da CNT - Confederação Nacional do Transporte e fundador do SEST SENAT
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