top of page

Guerra de Vaidades

  • Clésio Andrade
  • 28 de jan. de 2021
  • 3 min de leitura

O Brasil está passando por um dos momentos mais graves de sua história contemporânea. Oportunismos, vaidades e projetos eleitoreiros combinados com uma crise sanitária global complicada por interesses geopolíticos estão prejudicando, não apenas a economia, mas também a estabilidade social interna.


Nossos principais líderes políticos, imersos em seus interesses, estão deixando o País à deriva. João Dória, em vez de governar São Paulo, posa de presidente da República e dono da Coronavac. Faz jogada de marketing, se reunindo com ex-presidentes como se fosse um deles. Está usando a vacina contra Covid 19, numa disputa menor, para agradar a Rede Globo em sua ferrenha campanha de oposição ao governo federal.


Dória está de olho nas eleições de 2022 e não nas necessidades da população. Não tem a menor chance de pleitear a presidência da República. No máximo conseguirá disputar a reeleição ao governo de São Paulo. Tudo indica que o segundo-turno de 22 será um embate entre o candidato do Palácio do Planalto e um representante da esquerda. Esse, óbvio, não será o Dória.


O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, é outro desesperado para se manter no poder. Trama e se agarra onde pode revelando sua falta de caráter. Tentou ser ministro, não conseguiu. Tentou dominar o Congresso, não conseguiu. Com sua política de revide, boicota as reformas e as privatizações, jogando contra o governo federal, mesmo sabendo que prejudica o país. Com certeza, ano que vem não será mais nada.


Acredito que sairão vitoriosos para a presidência da Câmara e do Senado, os candidatos do Planalto.


O presidente Jair Bolsonaro, por sua vez, é honesto, bem intencionado, tem bons ministros e não aceita corrupção. Mas fala demais, provoca brigas desnecessárias, angaria inimigos além da conta e cria estoques de mágoas. Melhor faria se respeitasse a máxima que diz: “Em política não se joga conversa fora”.


Além disso, Bolsonaro tem sido omisso em questões fundamentais, como a pandemia, reformas estruturais e modernização do Estado. Tem feito um bom governo porém, muito assistencialista com os militares e cada vez mais distante do projeto liberal que o elegeu. Como outros políticos, Bolsonaro faz campanha antecipada e acaba pensando muito mais na sua reeleição do que nos graves e urgentes problemas que o país enfrenta.


Nesta guerra ideológica travada na fogueira das vaidades, o Brasil vai ficando para trás. Os erros no combate à pandemia de coronavírus estão se avolumando. As contaminações e as mortes não param de crescer, enquanto governadores e prefeitos batem cabeça e jogam para a platéia. A eficácia das vacinas ainda é uma incógnita e o ministério da Saúde vacila em vez de assumir a dianteira das políticas de controle da crise.


É um ambiente incerto e conflituoso que está arrasando a economia nacional. Empresas fechando, produção caindo. O desemprego só cresce e a miséria é realidade para uma boa parte da população. O auxílio emergencial deu fôlego ao governo, mas acelerou o descontrole fiscal. A dívida pública beira os 100% do PIB e a desconfiança está provocando uma grande fuga de investimentos. Se os problemas estruturais do Estado não forem enfrentados rapidamente, o estouro das contas públicas será questão de tempo.


Mais do que nunca, o Brasil precisa que Bolsonaro assuma posição de estadista e conduza o País numa travessia de vida ou morte. O presidente da República tem que dialogar com todas as correntes políticas e com todos os setores da sociedade, inclusive com a mídia comercial.


Não é útil brigar com a Globo ou com qualquer outro veículo de imprensa. Cada batalha a seu tempo. Agora tem que agir com astúcia e inteligência. O governo precisa se comunicar mais, em todos os meios disponíveis, para que o presidente Bolsonaro possa reafirmar sua forte liderança, unir o País e apontar os caminhos.


É hora de abandonar as disputas ideológicas e deixar a campanha à reeleição para o momento certo. O futuro do Brasil e dos brasileiros está sendo ameaçado. A defesa desse futuro tem que estar acima de todos os interesses.



Clésio Andrade, empresário, empreendedor social, foi vice-governador de Minas Gerais, ex-senador, ex-presidente da CNT - Confederação Nacional do Transporte e fundador do SEST SENAT

Posts recentes

Ver tudo
Cemig, o caos

O tratamento dado pela Cemig aos consumidores de energia elétrica em Minas Gerais ultrapassa todos os limites do bom-senso. A má...

 
 
 
Lula precisa rever alguns conceitos

O presidente Lula está fazendo um bom governo, mas precisa se comunicar melhor com a sociedade. A economia está indo bem, o presidente...

 
 
 

Comments


bottom of page