O combate à corrupção precisa chegar às profundezas do Estado brasileiro. Embora o governo do presidente Bolsonaro esteja realizando um bom trabalho na erradicação dos mal-feitos, desvios, roubos e superfaturamentos, os vícios de alguns setores resistem encobertos pelo véu da legalidade. Falo da Corrupção Silenciosa, institucionalizada nas estatais, um grande mal, que corrói a capacidade de investimento das estatais, afeta o resultado dos impostos arrecadados pelo governo e drena, para as mãos de poucos, as riquezas produzidas pelo povo brasileiro.
Empresas como a Petrobras, os Correios, a Eletrobrás, a Telebrás e demais estatais, além de ineficientes, com baixa produção por funcionário, se tornaram o paraíso dos ganhos fáceis para seus diretores, funcionários, acionistas e políticos corruptos.
As políticas de bônus e benefícios destas empresas são escandalosas, inaceitáveis. Alguns servidores chegam a ganhar 14 salários anuais, além de férias prêmio, auxílios de todo tipo e bônus polpudos, entre outras benesses pagas com dinheiro do povo, como planos de saúde caros e depósitos exagerados em fundos de pensão. Muitos ganham fortunas para trabalhar pouco ou nada. São ganhos que nenhum empregado da iniciativa privada recebe. Todo este custo sustenta, em geral, uma baixa produtividades que o monopólio esconde.
A Corrupção Silenciosa também ocorre em contratos fantasmas ou superfaturados de prestação de serviços e de consultorias. Muitas vezes sem a entrega do objeto contratado. Normalmente, estes “arranjos” dão retorno em valores para diretores e políticos envolvidos com aquela estatal.
A relação dessas empresas com o mercado financeiro também é criminosa. O tráfico de informações privilegiadas favorece amigos de diretores, conselheiros e de políticos influentes na gestão de estatais. Os mesmos que depois recebem polpudas retribuições pelos favores milionários.
As estatais estão completamente desvirtuadas. Nasceram para cumprir a missão estratégica de induzir e acelerar o desenvolvimento do país, mas se perderam no caminho e se tornaram um fardo para a sociedade.
Este grave problema deve ser enfrentado pelo presidente Bolsonaro com coragem e determinação. Ou o Brasil acaba com as estatais, ou a corrupção silenciosa acaba com o sonho de um País próspero e justo.
Quando se fala em privatização de estatais é claro que há reação contrária de políticos, diretores e funcionários dessas empresas. São os que ganham.
Falam que as estatais pertecem ao povo brasileiro. Mentira! O povo só paga a conta da corrupção, dos desperdícios e da ineficiência.
Se as estatais são do povo, o melhor é distribuir suas ações para a população ou vendê-las e aplicar o valor arrecadado no socorro ao povo sofrido e desempregado pela pandemia. Basta lembrar que serão necessários mais dois anos de auxílio emergencial a um custo mínimo de R$ 200 bilhões. O País não tem como pagar esta conta sem falir. A dívida interna está a quase 100% do PIB e a União já começa a ter dificuldade de fazer a rolagem.
O presidente Bolsonaro precisa ver que o vespeiro não está apenas na Petrobras. O descalabro existe em todas as estatais. Tem que privatizar tudo imediatamente. É pelo bem do povo. É pelo bem do Brasil.
O nosso país precisa de um programa rápido e maciço de privatizações semelhante à Treuhandgesetz, lei de privatização e reorganização do patrimônio do Estado implantada na reunificação a Alemanha. Não há outro caminho. Ou se privatiza tudo, agora, ou o Brasil estará condenado à fome generalizada e ao rompimento da estabilidade social.
O Brasil tem 152 empresas estatais, sendo que, no mínimo, 50 estão prontas para serem vendidas sem burocracia e sem demora. Esses são os recursos que podem cobrir o gasto com o auxílio emergencial e tirar o Brasil do buraco.
O presidente Jair Bolsonaro deve aprofundar as bases liberais do seu governo, com apoio irrestrito ao projeto do ministro Paulo Guedes.
É imperativo assumir o compromisso de campanha e trabalhar junto com o Congresso para aprovar, com urgência, uma lei de privatização e de reorganização do Estado. Só assim será possível acabar com a corrupção silenciosa e garantir um programa de recuperação econômica do país.
Precisamos de fortes investimentos em saúde para evitar mais mortes e conter a miséria galopante. Precisamos investir em infraestrutura para combater o desemprego e reduzir o custo de vida menos impostos e com energia, combustíveis e alimentos mais baratos. A venda de estatais significa mais vida, mais segurança, mais oportunidades e conforto para a população. Significa também mais concorrências e, consequentemente, melhores serviços para o povo e mais lucro para o Tesouro.
As ações populistas são uma tentação muito grande para quem pensa em reeleição. Mas, neste momento, o presidente precisa colocar o Brasil acima de tudo. Ao seguir na toada populista, Bolsonaro corre o risco de se afastar do liberalismo e empurrar o País para a esquerda. A Venezuela e a Argentina estão logo ali.
O presidente Bolsonaro precisa parar de falar que em seu governo acabou a Corrupção , pois ela continua forte e Silenciosa.
Presidente Bolsonaro, ouça o clamor do povo. Privatize tudo e liberte o Brasil desta cangalha que pesa nas costas da nossa gente tão sofrida.
Clésio Andrade, empresário, empreendedor social, foi vice-governador de Minas Gerais, ex-senador, ex-presidente da CNT - Confederação Nacional do Transporte e fundador do SEST SENAT
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