Em vez de pensar em mexer no Sistema S, o governo liberal precisa cumprir sua promessa de campanha de privatizar as estatais. Meter a faca sim mas, não no Sistema S e sim nas empresas estatais, sorvedouros de recursos públicos.
Financiado pela contribuição das empresas de diversos setores econômicos, o Sistema S é altamente eficiente e cumpre um papel essencial na qualificação de mão de obra, na saúde e na assistência social aos trabalhadores. Já as estatais, mantidas com dinheiro do povo, são caras e ineficientes, verdadeiros antros de corrupção e de favorecimento a uma casta privilegiada de políticos e servidores públicos.
Empresas como a Petrobras, os Correios, a Eletrobrás, a Telebrás e demais estatais, além de ineficientes, com baixa produção por funcionário, se tornaram o paraíso dos ganhos fáceis para seus diretores, funcionários, acionistas e políticos corruptos. Elas fazem um grande mal ao País, pois corroem a capacidade de investimento do Estado, afetam a arrecadação de impostos e drenam, para as mãos de poucos, as riquezas produzidas pelo povo brasileiro.
Para os empreendedores e para a população em geral é duro ver o país empobrecido, deixando de produzir, perdendo espaço no mundo, enquanto as empresas estatais desperdiçam nosso dinheiro com privilégios, altos salários, ineficiência e corrupção.
Segundo o próprio Ministério da Economia, em 2019, a União transferiu R$ 17,1 bilhões para socorrer 18 estatais dependentes do Tesouro Nacional. Isso sem citar os 448 mil empregados dessas companhias, que totalizaram R$ 101 bilhões em despesas. Outros R$ 10 bilhões foram para pagar benefícios de saúde para 1,67 milhão de pessoas, entre funcionários, dependentes e aposentados. Já os gastos com previdência complementar chegaram a R$ 8,1 bilhões.
As benesses são tão descabidas que aposentados de estatais ganham bônus de produtividade como se estivessem na ativa. Em 2019, os gastos anuais de estatais com previdência foram, em média, de R$ 9,7 mil por beneficiado. Na Petrobras, a previdência custou R$ 36,2 mil por empregado; na Eletrobrás, 12,6 mil.
Todos esses custos são repassados para a sociedade por meio dos preços abusivos dos combustíveis, da energia elétrica, e de todos os serviços que dezenas estatais prestam com má qualidade e baixa eficiência. Isso não é justo e tem que acabar.
A relação dessas empresas com o mercado financeiro também é criminosa. O tráfico de informações privilegiadas favorece amigos de diretores, conselheiros e de políticos influentes na gestão de estatais. Os mesmos que depois recebem polpudas retribuições pelos favores milionários.
As estatais estão completamente desvirtuadas. Nasceram para cumprir a missão estratégica de induzir e acelerar o desenvolvimento do país, mas se perderam no caminho e se tornaram um fardo para a sociedade. Acertadamente, o presidente Jair Bolsonaro e o ministro Paulo Guedes prometeram privatizar todas as estatais, mas até agora praticamente nada foi feito.
A sociedade tem dado sinais de que está cansada e de que espera soluções concretas para suas necessidades. Em vez de mexer no que está funcionando, o governo tem que extirpar a raiz dos grandes problemas do Brasil. Não resta dúvida de que a imediata privatização de todas as estatais pode tirar o País da beira do abismo para que o Estado seja reorganizado em favor do povo e do desenvolvimento nacional.
O governo precisa lançar um programa rápido e maciço de privatizações semelhante à Treuhandgesetz, lei de privatização e reorganização do patrimônio do Estado implantada na reunificação a Alemanha. Não há outro caminho. Ou se privatiza tudo, agora, ou o País estará condenado à fome generalizada e ao rompimento da estabilidade social.
O Brasil tem 152 empresas estatais, sendo que, no mínimo, 50 estão prontas para serem vendidas sem burocracia e sem demora. Ao mesmo tempo, o governo deve distribuir 20% das ações das demais estatais para os desempregados e para a população mais pobre como forma de acelerar as privatizações, desonerar o Estado e combater a pobreza. Afinal, as estatais pertencem ao povo e a ele devem servir.
Um programa de privatizações pode render cerca de R$ 1 trilhão, dinheiro que o governo deve investir em programas sociais e em obras de infraestrutura para gerar 14 milhões de empregos, minimizar a crise social e impulsionar a recuperação econômica do país.
Não tem solução mágica, não tem atalho que nos proteja de uma grande convulsão social. O governo federal precisa concentrar esforços na única solução possível: privatizar, privatizar e privatizar. Se fizer a coisa certa, o presidente Jair Bolsonaro salvará o País da derrocada final, se credenciará para um segundo mandato e impedirá que a esquerda volte a dominar o Brasil.
Sua responsabilidade é grande, presidente!
Clésio Andrade, empresário, empreendedor social, foi vice-governador de Minas Gerais, ex-senador, ex-presidente da CNT - Confederação Nacional do Transporte e fundador do SEST SENAT
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