O Brasil vive um cenário de crises combinadas. Crise sanitária, crise econômica, crise social e crise política que, juntas, provocam uma grande instabilidade em todas as dimensões da vida nacional.
A falência em massa de empresas, o desemprego, o aumento da pobreza e as mortes por Covid trazem desesperança e incertezas.
Na economia, o baixo investimento, a estagnação, a evasão de capitais e a pressão inflacionária impedem que a retomada do crescimento seja mais vigorosa.
O governo, ao tentar enfrentar os problemas da maneira tradicional, aumentando gastos, acaba provocando uma nova crise ao estimular o crescimento da dívida pública, o desequilíbrio orçamentário e a instabilidade fiscal.
Para sair desta espiral destrutiva é preciso parar de repetir os erros que nos trouxeram até aqui. Os problemas são muitos. Mas o Brasil tem todas as condições para dar a volta por cima e recuperar sua posição de grande nação em desenvolvimento.
Temos a maior biodiversidade do planeta; nossas reservas minerais são incalculáveis, ferro, nióbio e muitas outras riquezas cobiçadas pelo mundo. Temos vasta extensão de terras cultiváveis. Somos o celeiro do mundo graças à potência do agronegócio e nosso povo é criativo e trabalhador. Basta deixar que essas riquezas sejam geridas com competência e liberdade para alcançarmos um longo período de prosperidade e paz social.
O que está atrasando a solução das crises são os vacilos de Jair Bolsonaro. O presidente, é honesto, bem intencionado, conta com bons ministros e não aceita corrupção, mas tem se afastado do projeto liberal que o elegeu. O governo está demorando a fazer as reformas de modernização do Estado e Bolsonaro, sempre que pode, pisa no freio das privatizações. Além disso, tem gerido mal a crise sanitária e os erros políticos têm feito o governo perder apoio e credibilidade. Mas as soluções estão ao alcance das mãos do presidente Bolsonaro. Basta agir.
O governo precisa dar uma guinada: retomar o projeto liberal e refundar o Estado brasileiro. O começo dessa virada está claro: é preciso investir na vacinação em massa e incentivar a população a tomar os devidos cuidados, como usar máscaras. É preciso privatizar tudo e acelerar as reformas de modernização do Estado. Não tem mistério. É pegar e fazer. Do contrário, a crise tende a se aprofundar.
Sem privatizar e sem reformar, o governo Bolsonaro fracassa e abre o caminho para a volta da esquerda ao poder.
Privatizações para salvar o Brasil
O governo está sem dinheiro, mas pode vender estatais para fazer caixa e investir na recuperação da economia. O dinheiro das privatizações deve ser aplicado em obras de infraestutura para gerar milhões de empregos rapidamente e também para atrair o capital privado nacional e estrangeiro. Temos 14 milhões de desempregados e um número crescente de famintos. O Brasil precisa de um plano emergencial de investimentos para atacar os problemas sociais sem demora.
As privatizações também vão acabar com as injustiças históricas causadas pelas empresas estatais que são sustentadas pela maioria dos brasileiros. Precisamos dar fim à história do gordo e o magro.
O gordo é a elite de servidores de estatais, com salário médio de até R$ 32 mil e chegando a R$ 100 mil para diretores. Aqueles cheios de mordomias como estabilidade no emprego e dezenas de benefícios absurdos, como 14º salário e aposentadorias obscenas de tão altas. Esse vivem nos bairros nobres com toda a segurança e conforto.
Do outro lado, estão os magros - milhões de trabalhadores da iniciativa privada e autônomos, com salário médio de R$ 2.261,00 por mês. Esses competem num mercado de trabalho cada vez mais exigente, lutam contra o desemprego e vivem precariamente nas favelas e nas periferias violentas das cidades.
A grande e silenciosa corrupção está nas dezenas de empresas estatais caras e ineficientes que drenam as forças do Estado e os esforços da sociedade. Isso tem que acabar. Se o presidente Bolsonaro quiser, pode ser rápido.
O Brasil tem 152 empresas estatais sendo que cerca de 50 podem ser privatizadas imediatamente, pois o governo não precisa de autorização do Congresso Nacional para vendê-las. Para as demais há dois caminhos: encaminhar o projeto de privatização para o Congresso Nacional ou distribuir as ações para o povo, que é o verdadeiro dono deste patrimônio público. Isso ajudaria a reduzir a pobreza ao mesmo tempo desoneraria os cidadãos de bancar os privilégios para uns poucos.
Reformas para modernizar o Estado
Mas só privatizar não basta. Para tirar o Brasil definitivamente da crise é preciso organizar e modernizar o Estado. As reformas são fundamentais para acabar com a burocracia, baratear e melhorar a qualidade dos serviços públicos e preparar o Brasil para os desafios do Século 21.
A modernização tem que atingir todas as esferas do poder público. No Judiciário, a reforma deve observar a necessidade de garantir a independência entre os poderes, acabar com privilégios e mordomias, dar mais transparência e inibir a ação política do STF. Também é importante simplificar a Legislação Trabalhista e acabar com a tutela do Estado em muitos casos. Por exemplo: as demandas que tratam de salários acima de R$ 10 mil devem migrar para a justiça comum.
Na modernização do Legislativo é preciso encarar a necessidade de reduzir o número de parlamentares desde vereadores e deputados até senadores. Também é fundamental simplificar o Regimento do Congresso Nacional; reduzir o número de comissão e adotar tecnologias como o voto online para agilizar a tramitação de projetos e inibir a corrupção.
Não restam dúvidas de que somente com reformas e privatizações o Brasil sairá da crise e avançará na direção do desenvolvimento sustentável, com emprego e qualidade de vida para todos.
Quem sonha um Brasil próspero e competitivo defende essas idéias. O governo pode fazer e nós devemos apoiar. Vamos nessa?
Clésio Andrade, empresário, empreendedor social, foi vice-governador de Minas Gerais, ex-senador, ex-presidente da CNT - Confederação Nacional do Transporte e fundador do SEST SENAT
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