O presidente Jair Bolsonaro tem boas intenções, se preocupa com o povo, não tolera corrupção, mas exagera no marketing. Sua gestão tem um projeto liberal consistente e conta com o apoio de setores importantes da sociedade. Embora esses sejam atributos relevantes, não são suficientes para garantir o sucesso do governo e a reeleição do presidente.
Argumentos, embates ideológicos e projetos eternamente no gerúndio não convencem 14 milhões de trabalhadores desempregados, não sensibilizam famílias dominadas pelo medo e pela fome, não estimulam empresário falidos ou à beira da falência, não controlam professores inseguros e raivosos, nem acalmam um funcionalismo público em vias de perder privilégios.
Para apoiar e confiar no governo, a população precisa ver resultados, já para a oposição só discurso basta. O povo precisa perceber o movimento do governo para resolver seus problemas mais urgentes. Se não vê a luz no fim do túnel, o eleitorado vai atrás da oposição. Trata-se uma lei imutável da política que não pode ser ignorada por aqueles que governam.
Marketing é necessário, mas só funciona quando combinado com ações concretas. Um exemplo é o marketing do ministro Tarcísio Freitas, montado em cima de obras paradas e do menor orçamento dos últimos seis governos. É igual fumaça que se esvai tão rápido quanto veio, servindo apenas à exposição do ministro pavão apesar dos poucos resultados efetivos. Mesma coisa é o marketing dos filhos restrito a um nicho, insuficiente para dar sustentação ao governo e a reeleição ao presidente.
Ainda há tempo de recuperar o apoio e os votos que estão migrando para a oposição e, especialmente, para Lula. O presidente Jair Bolsonaro precisa falar menos e ouvir mais. Precisa brigar menos e agir mais. Precisa governar mostrando que tem o controle da situação e os meios para salvar o Brasil.
A combinação de crise sanitária, crise econômica, desequilíbrio fiscal e desemprego em massa cria um cenário desafiador, mas não impossível de ser contornado. O governo Bolsonaro tem, nas mãos, a solução rápida e segura para tirar o Brasil desse turbilhão. Basta tomar a decisão de privatizar todas as empresas estatais. Trocando em miúdos: o país está quebrado, mas dispõe patrimônio para vender e sair do buraco. E Bolsonaro tem onde se inspirar.
A história da reunificação da Alemanha ensina que os recursos do Estado devem ser usados a favor do povo e não o contrário. Quando caiu o Muro de Berlim, em 1989, o governo democrático criou o maior e mais rápido programa de privatizações de todos os tempos e salvou a população do lado comunista, que estava empobrecida e desamparada. Em quatro anos, foram privatizadas quase 14 mil estatais gigantescas e ineficientes. A Alemanha reduziu o tamanho do Estado, atraiu capital e tecnologia de ponta, conquistou competitividade e lugar de destaque no mercado internacional. Em poucos anos, se tornou a potência econômica, social e política que conhecemos hoje.
Se o presidente Bolsonaro quiser, o Brasil pode trilhar um caminho semelhante. Governo liberal privatiza e governo social estatiza. O caminho do governo Bolsonaro é privatizar.
A economia vem dando sinais de recuperação, mas o crescimento que se anuncia não resolverá os graves problemas sociais. A pandemia acelerou a extinção de empregos tradicionais anunciada pelo avanço tecnológico. As empresas aprenderam a operar com menos mão de obra e não reabrirão as vagas fechadas durante o confinamento. Cabe ao governo federal criar as condições para a geração de milhões de empregos em curto espaço de tempo. Isso só será possível com a realização de grandes obras de infraestrutura e com forte incentivo ao investimento privado no país.
Hoje, o presidente Bolsonaro pode autorizar a venda de cerca de 150 empresas estatais ao mesmo tempo em que toca, junto com o Congresso Nacional, a venda de outras 46 empresas sob controle direto do governo federal. A estimativa é de que estas privatizações renderiam algo em torno de R$ 1 trilhão para serem investidos na modernização da infraestrutura nacional e na geração de emprego e renda para a população.
O país tem duas formas de gerar emprego. Uma é continuar concedendo as áreas de infraestrutura para que a iniciativa privada possa fazer os investimentos necessários. A outra forma é vender o patrimônio imobiliário e privatizar todas as empresas estatais gerando um caixa de R$ 1 trilhão para investimento em infraestrutura de forma a melhorá-la em todo o Brasil, com geração de empregos e renda para milhões de brasileiros. Além disso, criará condições de fazer um projeto com musculatura para transferência de renda aos desempregados e aos mais necessitados.
A privatização em massa é o caminho para o Brasil voltar a viver, a produzir e gerar riquezas.
Clésio Andrade, empresário, empreendedor social, foi vice-governador de Minas Gerais, ex-senador, ex-presidente da CNT - Confederação Nacional do Transporte e fundador do SEST SENAT
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