Bolsonaro tem menos de um ano para corrigir os rumos do governo e se consolidar como o melhor candidato da disputa eleitoral de 2022. Bons projetos não faltam, a equipe de ministros é ótima e muitos avanços já podem ser contabilizados. Além disso, o presidente é honesto e quer o bem dos brasileiros. Mas as tentações populistas e o afastamento da agenda liberal que o elegeu têm se tornando um grande obstáculo à reeleição.
Na economia, o baixo investimento, a estagnação, a evasão de capitais e a pressão inflacionária impedem que a retomada do crescimento seja mais vigorosa. O desemprego não cede e a miséria se alastra por todas as regiões do país.
O governo, ao enfrentar os problemas da maneira tradicional, desrespeitando o teto de gastos, sem privatizar e sem realizar as reformas prometidas, acaba ampliando a crise ao estimular o crescimento da dívida pública, o desequilíbrio orçamentário e a instabilidade fiscal.
Em vez de se concentrar na execução de seu ótimo programa de governo, o presidente Jair bolsonaro continua gastando energias com as trapalhadas de seus filhos e se envolvendo em confusões. Os embates com a imprensa e, especialmente, com a Globo, por exemplo, vêm drenando a credibilidade e os votos de Bolsonaro. Ele não foi eleito para brigar com a Globo e não percebe que é um erro se desentender com a mídia, cuja influência sobre opinião pública não pode ser subestimada.
Enquanto isso, os caminhos para o crescimento eleitoral da esquerda vão se alargando. Basta observar a desenvoltura com que Lula vem surfando no vácuo de poder deixado pelo presidente e pelos partidos de centro-direita.
As crises e o tempo correm a favor da esquerda. Além dos erros de Bolsonaro, está cada vez mais difícil viabilizar uma terceira via. São muitos candidatos na disputa. O presidente do Senado Rodrigo Pacheco, o ex-juiz Sérgio Moro, Dória, Ciro e outros. Mas nenhum deles empolga o eleitorado.
O único capaz de evitar um trágico retorno da esquerda é Bolsonaro, mas, com seu comportamento errático, ele tem sido o melhor cabo eleitoral de Lula, que posa de vítima e vai se consolidando na dianteira. É fazer as contas e perceber o cenário complicado que está se configurando para 2022.
O presidente Jair Bolsonaro tem um voto cativo vindo, principalmente, de pessoas com boas condições de vida, um grupo confiante e barulhento, estimado em 35 milhões de eleitores. Mas do outro lado, além dos históricos militantes de esquerda, vem se formando um antibolsonarismo, que reúne desempregados, pobres, parentes e vítimas da pandemia, funcionários públicos, professores e, ainda, alguns empresários e seus familiares cansados da crise econômica e do estilo destemperado do presidente. Este contingente, hoje, é estimado em 70 milhões de votos.
Chegou o momento da escolha. Se Bolsonaro não cair na real e não corrigir imrdiatamente os rumos do governo, a população sofrida não perdoará seus erros.
O presidente perderá a reeleição e contribuirá diretamente para a vitória da esquerda, que voltará triunfante.
Clésio Andrade, empresário, empreendedor social, foi vice-governador de Minas Gerais, ex-senador, ex-presidente da CNT - Confederação Nacional do Transporte e fundador do SEST SENAT
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