Um país quebrado, que insiste em manter um patrimônio enorme, caro e ineficiente, decreta o sacrifício e a miséria de seu povo. Esta é a situação atual do Brasil.
A gravidade da situação se traduz na perda de apoio do governo. A sociedade está cansada e já dá sinais de que, nas próximas eleições, vai buscar alternativas. Além da esquerda radical, que nunca o apoiou, Bolsonaro está perdendo a confiança dos partidos de centro. Também está vendo o afastamento de milhões de desempregados, de parte do empresariado, do funcionalismo público, dos professores e de diversos setores da sociedade.
O governo está sem recursos para bancar uma dívida pública crescente, perdeu capacidade de investimento, não tem dinheiro para socorrer a grande parcela da população afetada pela pandemia de coronavírus. Esse descalabro pode acabar. Só depende da decisão imediata e corajosa do presidente Jair Bolsonaro. O Brasil precisa de um programa rápido e maciço de privatizações.
A história da reunificação da Alemanha ensina que os recursos do Estado devem ser usados a favor do povo e não o contrário. Quando caiu o Muro de Berlim, em 1989, o governo democrático criou o maior e mais rápido programa de privatizações de todos os tempos e salvou a população empobrecida do lado comunista. Em quatro anos, foram privatizadas quase 14 mil estatais gigantescas e ineficientes. A Alemanha reduziu o tamanho do Estado, atraiu capital e tecnologia de ponta, conquistou competitividade e lugar de destaque no mercado internacional. Em poucos anos, se tornou a potência econômica, social e política que conhecemos hoje.
Bolsonaro é bem intencionado, honesto, combate à corrupção, trabalhador, quer o bem do país. Teve muitos avanços na economia e no social, simplificou a burocracia mas tem dificuldades de avançar mais nesta área, principalmente por causa do Judiciário. Tem também terminado muitas obras que há anos estavam paradas. Mas só isso não basta.
Quem está falido, seja uma pessoa, uma empresa ou um país, tem que se desfazer do patrimônio para sobreviver. Foi isso que a Alemanha fez. É isso que o Brasil tem que fazer enquanto é tempo.
O Brasil tem centenas de empresas estatais, sendo que, no mínimo, 50 estão prontas para serem vendidas sem burocracia e sem demora. Com isto, o Brasil pode levantar 1 trilhão de reais. Esses são os recursos que podem tirar o nosso País do buraco. Só assim será possível tirar um grande fardo das costas do povo e garantir um programa de recuperação econômica do país.
A dívida pública está em quase 100% do PIB, a crise fiscal vem se agravando a passos largos, o caixa do governo está vazio, o desemprego não dá sinais de recuo, a pobreza se alastra e a evolução da pandemia aumenta a pressão por mais gastos. O governo precisa fazer caixa imediatamente e aliviar o Estado do peso financeiro provocado por estatais caras e ineficientes. Tem que privatizar. Se quiser se credenciar para um segundo mandato, o presidente Jair Bolsonaro deve indicar as privatizações como prioridade absoluta do seu governo daqui para frente.
Uma outra forma de privatizar rapidamente as estatais, seria através da criação de um robusto programa de transferência de renda, como disse o ministro Paulo Guedes, doando ações das estatais para os mais carentes e desempregados. A estatal não é do povo? Então porque não dar ao povo o que é do povo?
Além disso, é preciso criar empregos para 14 milhões de desempregados. Isso as empresas privadas não conseguirão fazer. A economia está se recuperando, mas os postos de trabalho perdidos na pandemia não serão recriados na sua totalidade. As empresas se tornaram mais eficiente e isso mudou o mercado de trabalho para sempre.
Só o governo, com grandes investimentos em obras de infraestrutura, tem condição de gerar milhões de empregos em um curto espaço de tempo. E só com as privatizações é possível levantar o dinheiro de que o Brasil precisa para investir e enfrentar a grave situação em que se encontra. Se quiser salvar o Brasil e o próprio governo, Bolsonaro tem que mudar de postura e privatizar tudo imediatamente.
Para que o programa de salvação nacional dê certo, neste momento, o presidente Bolsonaro precisa deixar as disputas ideológicas de lado. Na crise, não dá para dispersar energias. Chega de brigar com a imprensa, principalmente com a Rede Globo. Agora, o governo precisa do apoio de todos.
É só observar o que aconteceu nos Estados Unidos. Quando o governo mudou e adotou uma estratégia de diálogo com todos os setores. A mídia, por sua vez, silenciou as críticas e passou a apoiar o presidente Biden em nome da salvação do país. Aqui pode acontecer o mesmo, se o presidente Jair Bolsonaro abrir o diálogo com os veículos de comunicação. Trump brigava com todos e perdeu a eleição. Aliás, é bom lembrar que Lula já está visitando empresários, políticos e as empresas de mídia.
Enfim, temos que apoiar o presidente Jair Bolsonaro mas, para que seu governo tenha longevidade, precisa fazer privatizações em massa, gerar caixa, fazer grandes investimentos em infraestrutura e criar um robusto programa social para ajudar os 14 milhões de desempregados, até que haja forte geração de emprego e com isto salvar o país de ir para a esquerda.
É urgente e inadiável. O Brasil tem pressa.
Clésio Andrade, empresário, empreendedor social, foi vice-governador de Minas Gerais, ex-senador, ex-presidente da CNT - Confederação Nacional do Transporte e fundador do SEST SENAT
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