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Recado das urnas: o Brasil quer diálogo e mais resultados

  • Clésio Andrade
  • 16 de nov. de 2020
  • 4 min de leitura

Nada expressa melhor os anseios do eleitorado do que o resultado das urnas. Nas eleições municipais deste domingo não foi diferente. O recado é claro: chega de radicalismos e polarizações. O momento pede equilíbrio, diálogo e negociação para resolver os grandes problemas do Brasil.


Na disputa pelas prefeituras e câmaras municipais, venceram os partidos moderados, com identidade próxima do centro-direita liberal. O velho e experiente Centrão se reinventou. Ofereceu a um eleitorado cansado e confuso a estabilidade e a segurança dos antigos partidos e, menos de dois anos depois de ter sido quase varrido do mapa político nacional, superou a chamada Nova Política. MDB, PSDB, PSD, DEM e PP foram os que fizeram mais prefeitos e vereadores no primeiro turno das eleições municipais.


Os extremos da polarização política, que inflamou o país desde a eleição presidencial de 2018, foram os que mais perderam terreno: o petismo e o bolsonarismo.


Dos 59 candidatos a prefeito apoiados por Bolsonaro, apenas nove foram eleitos domingo, sendo mais simbólica a derrota de Celso Russomano, que ficou em quarto lugar em São Paulo.


Já o PT, encolheu 31,5% em relação à eleição municipal de 2016. Naquela época, o partido elegeu 254 prefeitos no primeiro turno. Ontem só conquistou 174 prefeituras. A derrota do candidato petista em São Paulo foi fragorosa. Jilmar Tatto obteve menos de 9% dos votos. O número de vereadores eleitos pelo PT também caiu 8,21%.


Os outros partidos de esquerda também perderam. A votação obtida pelo PSOL de São Paulo e pelo PCdoB de Porto Alegre, que levou, respectivamente, Guilherme Boulos e Manuela D’Ávila ao segundo-turno, foi expressiva, mas não representa um crescimento nacional dessas legendas. Neste primeiro turno, os partidos à esquerda elegeram 223 prefeitos contra 337 na eleição passada – recuo de 33,83%.


Mais uma vez, os brasileiros mostraram que não gostam de extremismos, seja de esquerda ou de direita. Para a maioria, o contraditório é benéfico, mas o radicalismo é destrutivo. Quando escolheram Jair Bolsonaro, queriam mudança, o fim da corrupção e do radicalismo de esquerda. Mas isso não significa um desejo por radicalismo de direta.


Na luta pela sobrevivência, as famílias são pragmáticas, não estão interessadas em polêmicas ideológicas. O que todos querem é o pão de cada dia sobre a mesa. Foi isso que as urnas disseram no último domingo. O Brasil quer menos polêmica e mais diálogo. Quer menos bravatas e mais resultados.


Compreender os sinais vindos das urnas é uma oportunidade para que todos os dirigentes políticos façam correções de rumos. Serve especialmente ao presidente Jair Bolsonaro em sua missão de liderar o Brasil na superação dos efeitos da crise sanitária e na retomada do desenvolvimento econômico e social do país.


Bolsonaro tem todos os atributos para conduzir o Brasil nessa travessia e se credenciar para um segundo mandato. Só precisa aprimorar o estilo. O presidente é autêntico, honesto e trabalhador. Foi eleito com o melhor projeto que o Brasil teve em décadas e quer o bem do nosso povo. Só lhe falta o tato político para governar um país com a complexidade e a diversidade do Brasil.


Mais do que nunca, Bolsonaro tem que evitar as polêmicas estéreis e manter os filhos distantes do Palácio do Planalto. O presidente precisa desenvolver a inteligência emocional que caracteriza os grandes estadistas. Daqui para frente, toda a energia de Bolsonaro deve ser canalizada para a concretização do projeto liberal que o elegeu. O presidente terá que dialogar com os partidos políticos, negociar com os diversos setores da sociedade e buscar o entendimento nacional para tocar as privatizações e as reformas de modernização do Estado.


Os próximos dois anos serão dramáticos. O governo tem que tirar o atraso causado pela grande recessão de 2015-2018 e agravada pela pandemia do Coronavirus, que freou a recuperação iniciada em 2019. O desemprego atingiu índices catastróficos. Hoje, 13,8 milhões de brasileiros não têm de onde tirar o sustento. Se nada for feito imediatamente, quando o auxilio emergencial terminar, uma crise social sem precedentes baterá às portas do governo.


A vivência política nos ensina que cada eleição é uma lição. É quando a sociedade faz suas avaliações e indica os caminhos que quer percorrer até o próximo pleito. Os resultados do último domingo também reafirmam sua preferência dos brasileiros pelo projeto liberal-democrático que está na base do governo Bolsonaro.


Esse é um grande trunfo que o presidente Jair Bolsonaro precisa saber aproveitar. É hora de fortalecer o governo por meio de alianças estratégicas com os partidos de centro-direita, principais vencedores do primeiro turno, com forte representatividade no Congresso Nacional. O diálogo com o Centrão se tornou ainda mais fundamental, assim como a construção de um relacionamento amistoso com o Judiciário, a negociação com governadores e o estreitamento das relações do governo com os setores produtivos do país.


O Brasil tem pressa e sabe aonde quer chegar. Se o presidente Jair Bolsonaro souber seguir a direção sinalizada pelos eleitores, vai longe e levará o País a um futuro promissor.



Clésio Andrade, empresário, empreendedor social, foi vice-governador de Minas Gerais, ex-senador, ex-presidente da CNT - Confederação Nacional do Transporte e fundador do SEST SENAT

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